SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O AR
Nós da UniCarioca criamos essa sequência de atividades para que você aprenda de forma mais interativa e divertida.
Introdução:
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
– Pai, me ajuda a olhar!
(Eduardo Galeano, A função da arte/1, em O livro dos abraços)
Concordo com Galeano, aprendemos a olhar. E aprendemos, também, a partir da mediação de outros olhares. Ao mediarmos aprendizados, também somos ajudados no olhar.
A sequência didática (SD) O Ar é uma sugestão de como podemos trabalhar com os pequenos o olhar científico, pois, o desejo de saber, eles já têm. São tão curiosos e vorazes. Que aprendamos com eles, sobre eles e para eles a manter nosso olhar-criança.,
O desejo é que essa sugestão de SD possa ser usada por você, flexibilizada, adaptada ao seu contexto, à sua realidade, à realidade das pessoas com as quais você trabalha, seja adulto ou seja criança, e que sirva de inspiração para que você crie outras também.
A PRIMEIRA ETAPA é essencial para que todos sintam desejo de participar. É o início de tudo. Também é quando acontece a sondagem do que eles já sabem, pois, a partir daí, as atividades podem ser adaptadas para a realidade dos alunos. Para estimular o desejo de aprender, seja presencial ou online, sempre conversar sobre o que farão, pois as crianças gostam de saber e ficam animadas com as atividades.
Dizer que ouvirão uma história e, depois, conversarão sobre algo muito importante para todos.
No link, o vídeo para a contação da história do livro Quem soltou o pum?
Para ser mais divertido, não mostre as imagens, só conte, caso tenha o livro, ou tocar o áudio, fará com que não antecipem do que trata o enredo…
Ao final, faça suspense e perguntas que estimulem a oralidade, a expressividade e muitos riso. O importante é ouvi-las e trabalhar com o que falarem:
“Solta o Pum ou deixa o Pum preso? Por que soltar? Por que não soltar?”
Após as respostas, revelar que o Pum é um cachorro e perguntar a elas:
“Vocês pensavam que era o quê?!?”
Também é uma boa oportunidade para conversarem certas regras de convivência. Garanto que o assunto surgirá ☺.
Mostrar o livro ou as imagens do vídeo (para que vejam e prestigiem o trabalho do ilustrador), aliás, sempre que contar uma história, fale da autoria do texto e das ilustrações, bem como a editora, pois são elementos importantes para o letramento.
Chegou a hora da música, pois quanto mais sentidos forem estimulados, mais aprendizagens, certro?
Solicitar que assistam ao vídeo com a música sobre o ar?
Depois de ouvirem, verem, dançarem e, quem sabe, cantarem, continue com perguntas que propiciem a sondagem dos conhecimentos prévios das crianças sobre o ar, por exemplo: “A música fala sobre o ar, vamos conversar sobre isso? O que a gente ouviu sobre o ar? Quais as características dele? (é importante utilizar vocabulário diversificado e os nomes corretos, pois estão em franco processo de devorar as palavras. Você pode falar a palavra e outros sinônimos da mesma que clarifiquem o significado).
As atividades são interconectadas, então, retornar ao já trabalhado é reforçador das aprendizagens. Fazer perguntas sobre o “pum”, não o cachorro do livro… Por exemplo, “E o pum? É ar? E o que é “o ar”?
Nesse momento, sem aprofundar o assunto, pode dizer que o ar é um gás (caso demonstrem maior interesse, siga trabalhando o conceito).
É fundamental o registro das respostas, pois servirão de parâmetro para que você possa verificar os conhecimentos elaborados, após os dois dias de trabalho. Ah! Resista ao possível hábito de dar as respostas. Tenha paciência para ouvi-los, sempre, é cada maravilha que ouvimos! Você já sabe disso, mas é bom lembrarmos, não é?
Na segunda etapa, as crianças vão descobrir e deduzir como o ar é importante e algumas características do mesmo.
A brincadeira é de respirar mesmo: “Vamos respirar um pouco!”
Solicitar que as crianças levantem o dedo indicador sob o nariz e façam o que você vai pedir: “Cheira a florzinha” (puxando o ar pelo nariz) e “Sopra a velinha” (soprando forte sobre o dedo). É um exercício de respiração e de retorno à calma muito frequente nas escolas (e é ótimo!).
Devem repetir algumas vezes. Na última vez, solicitar que inspirem forte, prendam um pouco a respiração e observem a barriga e o peito. Solicitar então que “soprem a velinha” e observem o corpo novamente.
“O que aconteceu? O que será que fez a barriga/peito de vocês aumentar assim? Vamos pensar sobre isso?
Lembre-se sempre de registrar as respostas!
Agora, a proposta é ao contrário:
“Vamos respirar bem fundo e, depois, vamos soltar todo o ar!”
Agora, fale seu nome: “Conseguimos? Não, né? Por que acham que não conseguem?
O que aconteceu? O que é ar? Ele tem peso? Tem cor? A gente pode pegar? Tem cheiro?” (Registrar as respostas)
Na terceira etapa, a primeira atividade será a última do dia 1 de aplicação da proposta e haverá, se for possível, na realidade de seus educandos, uma experiência para fazerem em casa (envolver a família é mais uma forma de engajamento com o processo educativo das crianças).
Vamos aprofundar os conhecimentos, a partir de experiências, pois, aprendemos melhor quando fazemos e pensamos sobre nosso fazer. Concorda?
Para começar, uma charadinha: “O que é, o que é….sou bem maior que o mar e estou em todo lugar. Ninguém consegue me ver, mas sem mim o ser humano não pode viver?” Anotar as respostas e, caso não surja a correta, revelar que é o ar.
Segue o incentivo a observar e testar, sempre registrando as falas (é muito importante!), com outra experiência:
“Vamos pegar o ar? Quem consegue? Vamos fazer uma experiência com balões!”
Entregar um balão para cada uma (se for online, solicitar ao responsável, com antecedência, que providencie o material necessário) e convidá-los à observação: “O balão está cheio ou vazio? “
“Agora, vamos soprar ou pedir pra um adulto ajudar a encher o balão”.
Talvez as crianças tenham dificuldades, mas é um exercício muito importante para trabalhar os músculos bucais e, consequentemente, auxiliar na articulação das palavras.
“E agora, o balão está cheio ou vazio?, Cheio de quê?, E de onde veio o ar que encheu o balão?, O que será que tem dentro do balão? O que acontece se abrimos os balões?”
Sugerir que abram e soltem…
“Para onde foi o ar que estava dentro do balão? Para que mais vocês acham que o ar é importante?”
Muitas respostas surgirão, tipo, árvores balançando, derrubar frutos, barco navegando…
Registrar as respostas.
Nessa etapa, também há a sugestão de uma experiência para ser feita em casa, mas ATENÇÃO!!
É fundamental que orientem os pais, pois as crianças podem se queimar, então que seja feita com segurança, SOB A SUPERVISÂO de um adulto!
Orientar que a criança registre a experiência feita em casa, desenhando o que fizeram e o que aconteceu (é um exercício de aprender a representar e a registrar no papel, então, que desenhem do jeito delas, pois estão em processo de desenvolvimento do grafismo, muitas não conseguem fazer figuras que o adulto identifique, mas não é para o adulto e, sim, para a criança).
Abaixo, um exemplo.
Para fazer em casa:
- O responsável :
- acenderá uma vela, que será fixada num copo (para evitar acidentes);
- soprar a vela devagar, mostrando para a criança que podemos controlar o fluxo de ar
- Supervisionar o experimento da criança que deverá soprar a vela sem apagá-la e depois, soprar a vela forte;
- Acender novamente a vela e colocar outro copo que corte o contato da chama com o ar;
- Solicitar à criança que diga o que observou e por que ela acha que isso aconteceu (gravar um áudio pelo WhatsApp e enviar para a professora);
- Solicitar que a criança faça um desenho da experiência;
- Tirar algumas fotografas da experiência (e, se for online, do desenho também!).
CONTINUAÇÃO DO PASSO 3, no segundo dia de aplicação da SD:
DIA 2:
Lembram da etapa 1? Pois é, aqui também é importante explicar o que farão e relembrar o que fizeram na aula anterior.
A história Nosso amigo Ventinho, escrito pela Ruth Rocha e contada pela Juçara, do Varal de Histórias
Depois de assistirem ao vídeo, vêm as perguntas orientadoras e incentivadoras de pesquisa:
“O que a Juçara usou para fazer o vento? Para que serve o ventilador? Então o ar do ventilador ajuda a gente a ficar com menos calor?”
E, então, a proposta de mais uma experiência, a partir do próprio corpo (fundamental para os pequenos, em construção do esquema corporal) e que auxilie no autoconhecimento.
“Vamos fazer um desafio: parem de respirar por um tempinho… “
Logo entenderão que não conseguimos ficar sem respirar…
“O que aconteceu? E o que entendemos com isso?”
(REGISTRAR AS RESPOSTAS)
Chegou o momento de reunirem o que aprenderam e de sistematizarem alguns conceitos.
“Ontem e hoje, aprendemos muito sobre o ar, não foi? Então vamos juntar tudo o que descobrimos e vamos escrever sobre o que aprendemos!”
Você fará o papel de escriba, seja em papel, num quadro ou, se online, na na tela interativa do GoogleMeet. É muito importante para crianças pequenas que vejam como escrevemos (o sentido da escrita, em nossa cultura, da esquerda para a direita e de cima para baixo). Elas estão aprendendo a ler o mundo, freireanamente falando, e, a observação é basilar nesse processo. As crianças podem criar uma história ou falar os aprendizados
Alguns conceitos que podem ser provocados pela mediação docente, não entrega de ideias prontas, mas provocadas mesmo:
O ar: não tem cor, não tem cheiro (geralmente, né? Lembram da historinha de ontem?), ocupa espaço,
Faz com que fiquemos vivos, faz a voz da gente, balança as árvores, espalha as folhas, derruba frutos das árvores, seca a roupa no varal, espalha as nuvens, enche balões de festa, faz o catavento rodar, faz o calor da gente diminuir, se estiver muito forte, pode fazer as portas baterem ou derrubar as árvores.
Dependendo do cotidiano das crianças, se fizer sentido, podem falar sobre as pipas.
Nesse link, você encontrará um tutorial de como utilizar a tela interativa, Jamboard, com e sem conexão síncrona:
E então, pronto para uma nova experiência com a dança? Vamos mexer esse corpo e se exercitar enquanto se diverte?
Todas as etapas são importantes, mas a avaliação mostrará quais foram os acertos e as necessárias modificações nas escolhas didáticas e pedagógicas para o docente e, para o discente, é nesse momento que ele também percebe o quanto aprendeu ou, se for o caso, o que não ficou muito claro.
Na avaliação, podem surgir temas, questionamentos para próximos projetos ou, ainda, aprofundamento da temática em estudo. Ouvidos atentos!
A proposta é que sejam estimulados a fazerem desenhos sobre o que aprenderam, do que mais gostaram, de forma que possam exercitar a registrar no papel o que pensam.
Para a culminância do processo, a sugestão é que o docente crie um vídeo com o texto produzido. Projetem juntos como será e o que precisam fazer (esse exercício auxilia na função cognitiva de planejamento). Lembre-se de sempre perguntar como eles pensam que será esse vídeo ou livro digital.
Cada criança pode ser solicitada a gravar uma parte do texto produzido coletivamente, em áudio, no próprio WhatsApp. (Nesse caso, os áudios, após serem baixados, precisam ser convertidos em MP3 para serem incorporados a um vídeo). Os desenhos fotografados e as fotografias das experiências feitas em casa (e também aquelas tiradas durante as aulas – print de tela do computador ou do celular, se online) serão as as imagens.
Lembre-se de colocar os nomes de todos, afinal, a autoria é coletiva, mas todos gostam de ter o nome escrito no trabalho.
E então, pronto para uma nova experiência com a dança? Vamos mexer esse corpo e se exercitar enquanto se diverte?
Após a confecção do vídeo, marquem uma “sessão pipoca” para assistirem juntos e envie o link para os responsáveis também, caso seja online.
Ao final de todo o processo, envie uma folha interativa, feita no Liveworksheets, para que as crianças possam avaliar os dois dias, a própria participação (olha aí o aprendizado sobre si…) e o trabalho docente. Claro!
Ajudar a olhar, sem imposições, é mediação dialógica…
Nesse link, você encontrará um tutorial de como criar atividades interativas no Liveworksheets:
Conforme dito no início, a sequência didática que você escolheu é uma sugestão e um incentivo. Sugestão, pois precisa ser adaptada às realidades docentes e discentes e um incentivo, pois o desejo é que sirva de inspiração para que você crie as suas!
PARA SABER MAIS E REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
BROWN, Peter C. et al. Fixe o conhecimento: a ciência da aprendizagem bem-sucedida. Porto Alegre: Penso, 2018.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974.
GALEANO, Eduardo. O Livro dos Abraços.2. ed. Porto Alegre: L&PM, 2012.
POZO, Juan Ignacio; CRESPO, Miguel Ángel Gómes. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
SOARES, Karla Jeane Coqueiro Bezerra. A Alfabetização Científica Na Formação Cidadã: Perspectivas e Desafios No Ensino De Ciências. Curitiba: Appris, 2020.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2008
Eixo Temático: CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Recursos Digitais Necessários: Celular
Recursos Analógicos Necessários: Livro, Balão de Encher, lápis, lápis de cor, hidrocor
Educador: Clique no ícone para acessar a didática por trás das atividades propostas.